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TARDE LITERÁRIA COM RENATO SUTTANA

  • Foto do escritor: Emanuel Esdras Gualberto
    Emanuel Esdras Gualberto
  • 22 de nov. de 2021
  • 3 min de leitura

Atualizado: 10 de dez. de 2021

Por Emanuel Esdras Gualberto


“Anárquica no conteúdo, rigorosa na forma”. Esta é uma das maneiras como foi descrita a poesia do professor, escritor e tradutor Renato Suttana, que no dia 21 de outubro participou como convidado na Tarde Literária do PET Letras UFGD. Suttana é autor de diversos livros, ensaios e publicações, e nesta tarde tivemos um diálogo muito rico com ele sobre suas produções e seu processo criativo.

Em algumas de suas obras, a crítica política está bem destacada, como em Bichos Políticos, Fauna & Cia e Na Glote. Por mais que os poemas deixem claro uma insatisfação com a crise política dos últimos anos, o autor revela que sempre usa muitas máscaras ao escrever. As máscaras são o grande amor dos mais profundos poetas, que sabiamente as utilizam ao trazer à realidade seus imaginários pessoais. À medida que se aprofunda na reflexão sobre a poesia, são capazes de misturar, inventar e construir novos recursos específicos para fazê-la. Mesmo que circundando os mesmos temas e preocupações, da intertextualidade do autor nascem outros novos bichos.

No início da década de 90 é que ele começa a utilizar os bichos em seus poemas, enfatizando as percepções de suas características. Em 2005, com o intuito de contribuir para a formação literária dos estudantes do curso de Letras de Guarapuava, juntou os poemas e criou o livro Bichos. Logo depois, muitos outros animais já faziam parte de suas produções, e numa forma de tentar desconstruir esta invasão, escreve Bichos Imaginários, que, como bem analisado por Robson (2020), em seu trabalho Bichos de Pensamento: a lírica meditativa de Renato Suttana, são bichos poema, que só existem à medida que a linguagem os pode dizer. Isto é, bichos da linguagem, nascidos da intertextualidade do autor. Para ele, transcrevê-los como poema é uma forma de se dizer o que se é. Eis aí o bicho humano.

Quando perguntado sobre suas referências e história de leitura pela professora Célia, o poeta lembra que começou no universo da leitura ainda adolescente, lendo revistas em quadrinhos. A poesia surgiu em sua vida de “forma perturbadora” através do poeta português Fernando Pessoa, que o deixou deslumbrado pela possibilidade de expressão escrita, que até aquele momento ainda não havia experimentado. Depois disso partiu para a literatura brasileira com Machado de Assis, Clarice Lispector, Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto, e os mais recentes, Francisco Carvalho, Alberto da Cunha Melo, José Régio, Carvalho Junior e Emmanuel Santiago. Ainda na poesia portuguesa, descobriu Mário de Sá Carneiro, do qual veio a ser grande fã e leitor assíduo, não deixando, nesta tarde, de lhe dar o devido crédito por ajudá-lo a perceber que a métrica não se trata de uma regra, mas de um ritmo que impulsiona o movimento do poema. Como disse Quintana “é por isso que os poemas têm ritmo, para que possamos respirar. Quem faz um poema salva um afogado.”

A tempo, ainda tivemos a satisfação de receber, doados pelo professor, cinco livros de sua autoria para o nosso acervo e mais cinco (mesmos títulos) para que sorteássemos. A saber, os títulos: Bichos, Lição de economia, Fora de alcance, O esquecimento necessário e Dura lição. Fechamos o encontro agradecendo a ilustre presença do professor Suttana, parabenizando-o pelo seu aniversário comemorado recentemente e pela moção de reconhecimento na Câmara Municipal de Dourados. Certamente foi um encontro muito rico para nossa formação e para nossa passagem pelo PET. Pudemos conhecer melhor a trajetória de um professor próximo, com experiência literária, história para contar, e um olhar poético que não escapa à beleza da monotonicidade da vida.

 
 
 

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