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PET-Roda Literária com Renato Suttana

  • Foto do escritor: Gabriela dos Santos Cabrera
    Gabriela dos Santos Cabrera
  • 30 de dez. de 2023
  • 3 min de leitura

Atualizado: 21 de abr. de 2024

No dia primeiro de dezembro deste ano, o PET Letras realizou uma Roda Literária com o mais novo professor titular da FALE, Renato Suttana, para conversar sobre o seu mais recente lançamento, Dezembros infinitos, com este último livro, Suttana soma agora 29 publicações. Em 2022, seu primeiro texto escrito completou 40 anos, falamos aqui de alguém que, verdadeiramente, dedicou uma vida à escrita, à arte de fazer poesia. E a escrita não anda só, sempre acompanha várias e diversas leituras. Leitura de palavras. Sons. Paisagens. Sabores. Cheiros. Leitura da vida. E todo seu aprendizado, Renato compartilha em suas obras e em suas aulas de Literatura.



“Com a escrita eu posso construir meu próprio imaginário, meu próprio universo” com essa fala Suttana compilou alguns dos motivos que levaram várias pessoas ao longo da História a se dedicarem à criação literária. Como dizia Manoel de Barros “tudo que não invento é falso”, bom, de fato, a todo momento estamos nos inventando, talvez, não tenhamos a história toda delineada, mas alguns lampejos sempre buscamos. E essa dimensão do intimismo e de reflexões sobre nossa própria existência se não são as temáticas principais, de alguma forma, fazem-se presentes nas obras do professor Renato. Contudo, ele também tem obras com viés político e até mesmo partidário como é o caso de Lição de economiaOpinionautas.


Junto a esses traços de sua escrita, Suttana destaca sempre seu desejo de criação, de colocar no mundo algo que não seja mais do mesmo, uma mera reprodução. E esse é um conselho que Renato dá aos jovens escritores, mas o faz com uma ressalva: é necessário equilibrar o desejo de escrever. Isso quer dizer que há o desejo desenfreado dentro de nós, mas ele precisa ser refreado pelo domínio da forma, da palavra escrita, aqueles fatores que permitem o texto existir, nesse assunto, a poesia ganha ainda mais destaque. A forma da poesia com rimas e métricas para muitos é uma questão ultrapassada, mas para nosso convidado, é um trabalho árduo e prazeroso, como o trabalho do ourives poderíamos dizer- não que estejamos invocando os parnesianos.


Falamos da escrita, agora, na outra face dessa moeda temos a leitura. Suttana destacou que, inicialmente, suas primeiras leituras foram com quadrinhos e depois com romances criminais como Agatha Christie, inclusive ele mesmo chegou a escrever alguns livros nessa temática, mas não para publicação. Com o tempo suas leituras foram mudando e ampliando em gêneros e temáticas, pois o escritor precisa de um treino especial na leitura, a poesia mais uma vez tem espaço especial no assunto. Sobre suas próprias leituras, quando começou a se interessar por poesia, Renato foi tentando desenvolver uma técnica para escrevê-la, tentando equilibrar métrica, rima e a linguagem literária. Suas influências na poesia foram, principalmente, de Portugal com Fernando Pessoa e Mário Sá-Carneiro, por isso, ressalta que quem quer escrever poesia hoje precisa ler também clássicos como Carlos Drummond de Andrade e Cecília Meireles.


Ainda abordamos o terceiro processo: a publicação.  O professor salienta que o mundo editorial, de certa forma, já tem seu catálogo montado, os nomes em que já se investiu e fez propaganda em cima, muitas vezes, as variáveis vão além da questão de qualidade, se um livro é bom ou não, o gênero, por exemplo, faz muita diferença, há diferença em volume de publicações de poesia e romance. Outro ponto que Suttana destaca é: balancear entre ter muitos leitores e o reconhecimento da crítica. É preciso reconhecer como experiência literária e ter consciência que o momento no qual se publica um livro, faz-se um compromisso, porque você perde o domínio do texto nesse momento, quando o coloca no mundo.


Para encerrar, pedimos para Suttana explicar o porquê do título Dezembros infinitos, para ele, dezembro é como um prazo colocado para si mesmo, por isso escreve “armar a minha tenda entre a duna e a visão”. A duna seria o deserto, ela se movimenta e nela não se constrói, mas existe também a visão que é o sonho, o objetivo adiante, ou seja, “me coloco entre o cansaço daquilo já vivido e a visão do que há por vir”. 

 
 
 

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