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PET - Roda de conversa com Virgínia Lima

  • Foto do escritor: PET Letras UFGD
    PET Letras UFGD
  • 28 de jul. de 2023
  • 13 min de leitura

Não há palavras suficientes que deem conta de descrever uma pessoa. Estamos em

constante processo de construção e desconstrução. É assim que me sinto. Eu, Virginia Jacinto Lima, fui aluna do curso de Letras da Universidade Federal da Grande Dourados - UFGD de maio de 2013 a abril de 2017 e bolsista do Programa de Educação Tutorial – PET/ Letras durante o período de junho de 2013 a setembro de 2015. Até o início desse período de formação acadêmica, eu era uma estudante ambiciosa, que almejava conquistas por meio da educação, porém, como qualquer adolescente da minha idade, era também confusa. A certeza que eu tinha é que o caminho era o estudo, mas o lugar de chegada ainda descobriria.

Nasci em Dourados, Mato Grosso do Sul, em 1994. Sou filha de pais humildes que não

concluíram o Ensino Fundamental, mas que sempre me ensinaram que a educação faz toda a diferença. Minha mãe, ainda que tenha estudado apenas até a 2a série, sempre me incentivou a ler, pois a leitura é uma de suas paixões. Desde criança eu via os cadernos de poesias que meu pai escrevia e os certificados que ele ganhou em premiações de concurso de escrita de poemas. Sempre acompanhei o amor que ele tinha pelas palavras. Meus pais não tiveram muitas oportunidades de estudar, mas pude perceber que mesmo com suas limitações, eles me passaram que o desejo, a vontade e o querer vem de dentro de cada um de nós. Que não importa as condições, se o caminho é longo, ou se não tenho meios para chegar aonde quero, pois, mesmo assim, tenho que tentar. E decidi tentar, e eles, principalmente minha mãe, fizeram de tudo para que eu conseguisse isso.

Em geral, sempre fui uma boa aluna. Eu gostava muito de ler e escrever, mas também me destacava nas disciplinas de Física e Química durante o Ensino Médio. Sempre desejei cursar uma faculdade e pensava em várias opções de cursos, e todas dependiam de como eu me sentia em relação a algo no momento. Durante a infância, pensava em Direito; na adolescência até cheguei a pensar em Biologia, em Química, em Psicologia, em Nutrição e Artes Cênicas; mas foi com 15 anos que decidi ser jornalista. Sim, eu nunca pensei necessariamente em ser professora. Decidi que trabalharia com comunicação social, carreira que admiro muito e da qual quis fazer parte. Ainda que muito tímida, sempre tive facilidade para me expressar, seja na escrita ou na oralidade. Muitos diziam que eu tinha perfil para o jornalismo. Os resultados dos testes vocacionais que fiz sempre tendenciaram para área da comunicação e esses fatores me instigaram mais.

Eu queria fazer Jornalismo, mas também tinha um plano B, a Nutrição, curso que comecei a me interessar, mais especificamente, no 3o ano do Ensino Médio. Não me achava com perfil para o curso, porém me interessava pela área da Nutrição Esportiva, um pouco influenciada pelo meu pai, que por muito tempo praticou atletismo. Outro fator importante era a possibilidade de estudar em uma universidade pública, visto que o curso de Jornalismo era oferecido apenas por uma instituição privada da minha cidade. Assim, ao término do Ensino Médio, em 2012, ingressei no curso de Nutrição da Universidade Federal da Grande Dourados - UFGD e decidi que seria nutricionista. A biologia humana sempre me encantou, logo me empolguei com o curso e procurei estudar muito e tirar boas notas. Entretanto, a vontade de ser jornalista continuava em mim. Durante esse período, chegou a incerteza de continuar no curso. Nutrição não era o meu sonho, levar-me-ia para um caminho distante da comunicação e ainda era um curso integral - eu não poderia trabalhar, o que agravava minha situação financeira. Fiquei com medo de ter que abandonar o curso mais adiante, então, decidi parar no 1o ano e tentar fazer o que sempre quis, Jornalismo.

Desse modo, no ano de 2013 me inscrevi no PROUNI para uma bolsa parcial de Jornalismo na instituição particular que oferecia esse curso. Porém, mais uma vez tive um plano B, pois minha mãe sempre me ensinou, com o provérbio português, que “é melhor prevenir, do que remediar”, então também fiz o vestibular da UFGD para Letras. Consegui a bolsa para cursar Jornalismo. No entanto, o curso foi fechado pelo MEC – Ministério da Educação. Também fui aprovada pelo SISU – Sistema de Seleção Unificada no curso de Jornalismo da UFMS – Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, em Campo Grande, mas por condições financeiras não consegui me mudar para a cidade e perdi a vaga.

Foi assim que, em 2013, ingressei na XLI turma de Letras da UFGD. Nunca tive a pretensão de ser professora, no entanto nesse momento, devido às circunstâncias, eu sabia que esse curso era a melhor opção. O curso de Letras me proporcionaria um conhecimento teórico muito grande, considerando o estudo sociológico, filosófico, epistemológico e linguístico que o envolve. Além de ajudar a desenvolver minhas habilidades de escrita e de oralidade, eu ainda poderia estudar a Língua Inglesa e realizar atividades vinculadas a projetos de pesquisa, por exemplo. Eu queria estudar, aprender, e Letras certamente me capacitaria, acrescentaria muito para minha formação, principalmente pelas oportunidades oferecidas por uma Universidade Federal. Assim, logo no início do Curso entrei para o PET – Programa de Educação Tutorial, do qual fui bolsista por mais de 2 anos.

Tudo aconteceu muito rápido. Fiz a seleção de bolsistas para o PET Letras – UFGD no

mesmo mês em que as aulas começaram. Em poucos dias, eu era caloura do curso e uma nova “petiana”. Por isso, para mim, cursar Letras era também fazer parte desse programa. Eu ainda não entendia direito como ele funcionava, não conhecia totalmente seus projetos. Não tive tempo para pensar, apenas decidi agarrar essa oportunidade. Sinto que fui privilegiada por isso. Sempre quis me envolver com projetos na universidade e, com o PET, eu poderia trabalhar com atividades que envolvem os três eixos – ensino, pesquisa e extensão. Ainda receberia um valor mensal de R$ 400,00. Foi o suficiente para que eu desejasse fazer parte disso.

O PET contribuiu muito para a minha formação. Atribuo a esse programa o interesse que, aos poucos, desenvolvi pelo curso. As amizades que fiz, os trabalhos que desenvolvi, os projetos dos quais participei; tudo que aprendi foi me envolvendo e, lentamente, me fazendo descobrir muitos interesses na área da Linguística, sobretudo na Análise do Discurso. Inicialmente, confesso que não me encontrei no curso de Letras, não descobri uma paixão por ele e pela licenciatura, mas me deparei com áreas de conhecimento das quais gosto muito, e nas quais eu pretendia trabalhar em uma pós-graduação. Não tenho dúvidas de que cresci muito dentro dessa área e que ela me proporcionou desenvolvimento profissional e pessoal e o PET fez parte de tudo isso.

Em outras palavras, antes de fazer parte do PET, eu era apenas uma caloura curiosa, que buscava desvendar os encantos da área de Letras. Depois de passar pelo programa, me tornei uma estudante da área das linguagens, uma linguista em formação, que, devido às experiências vivenciadas durante o período de bolsista, agora seria capaz de seguir seus próprios passos. Após o PET, tornei-me uma pessoa mais crítica, mais estudiosa e mais interessada pela pesquisa e pelo meio acadêmico. Assim, agradeço ao programa pela contribuição na minha formação e também à Professora Dra. Rute Izabel Simões Conceição por me introduzir na vida acadêmica por meio da tutoria no PET Letras.

Dessa maneira, minha trajetória no programa é marcada por muitas descobertas que, aos poucos, foram me encantando. A primeira delas foi a pesquisa. No meu primeiro ano no PET, fiz parte de uma pesquisa coletiva que tinha por objetivo identificar as dificuldades no processo de aprendizagem do sistema ortográfico por meio do diagnóstico das hipóteses de escrita em desacordo com a norma padrão da escrita ortográfica cometidas por alunos do 6o ano do Ensino Fundamental, das escolas públicas e particulares do município de Dourados – MS. Com o resultado de um diagnóstico linguístico, seriam elaborados materiais didáticos (como jogos didáticos voltados para o ensino da ortografia) para facilitar o trabalho do professor das séries iniciais das escolas participantes da pesquisa. Esse trabalho já estava sendo realizado pelo PET Letras antes de eu fazer parte do programa.

Diante dessa proposta, fiquei responsável pela análise dos dados de uma escola da rede estadual de ensino da cidade, o que resultou em um artigo científico apresentado e publicado o ENEPEX - Encontro de Ensino, Pesquisa e Extensão (UEMS/UFGD), que é uma junção do 5° EPEX UEMS e 8° ENEPE UFGD, no ano de 2014. Durante esse ano, em parceria com os outros bolsistas, ainda desenvolvi oficinas e minicursos sobre os jogos didáticos que preparavam tanto os profissionais em formação (estudantes de Letras e Pedagogia da UFGD) quanto os educadores que já estavam em prática dentro da sala de aula.

Depois, durante o segundo ano como bolsista do PET, mostrei interesse em estudar Análise do Discurso. Assim, passei a desenvolver uma pesquisa com a professora Dra. Sílvia Mara de Melo pelo Programa Institucional Voluntário de Iniciação Científica (PIVIC). Nesse trabalho, refletimos sobre as formações discursivas do discurso religioso-midiático, tendo como base os enunciados proferidos pelo pastor Silas Malafaia. Tal proposta também resultou em um artigo científico, apresentado na I Semana Acadêmica de Letras na Facale – SELF e publicado na Revista Arredia em 2016, e também em um projeto de pesquisa para o mestrado, no qual eu ampliaria a discussão.

Além da pesquisa, a descoberta da extensão foi marcante em minha trajetória enquanto bolsista, por meio do projeto Clube de Leitura no lar Ebenezer, no qual desenvolvíamos, semanalmente, um trabalho de imersão literária com as crianças acolhidas pela instituição. Tal ação evolvia contação de histórias, leitura coletiva e individual, roda de conversas, exibição de filmes, etc. Além desse importante trabalho do PET, como citado anteriormente, desenvolvíamos o eixo ensino mediante os minicursos e oficinas oferecidas para estudantes da universidade, bem como à comunidade douradense (profissionais e estudantes da rede de ensino), tais como a oficina “Ensino da Ortografia” e o minicurso “Nova Ortografia da Língua Portuguesa”, nos quais atuei como ministrante. Acredito que esses trabalhos realizados pelo programa contribuíram efetivamente para nossa formação e capacitação profissional, visto que oportunizaram colocar em prática nosso conhecimento teórico (construído durante o processo de aprendizagem no curso de Letras e também no PET), experiências que resultaram em oportunidades de trabalho após a conclusão da graduação. Minha experiência individual como integrante do corpo de assistentes editoriais da Revista Arredia da Faculdade de Comunicação, Artes e Letras FACALE – UFGD, igualmente contribuiu para isso.

Ainda é necessário destacar que, como bolsista do PET Letras UFGD, tive a possibilidade de viver experiências ainda não experimentadas até aquele momento, como viajar para outro estado para apresentar trabalho em eventos acadêmicos, o que também é uma forma de letramento. Assim, em 2014, viajei para Cuiabá – MT para participar do I ECOPET - Encontro Centro-oeste dos grupos PET, realizado na Universidade Federal de Mato Grosso, evento no qual apresentamos e publicamos um trabalho coletivo do grupo, intitulado A inter-relação entre ensino, pesquisa e extensão no PET Letras UFGD. Foi a primeira vez que viajei de avião, com tudo custeado pelos recursos do programa. Depois, em 2015, participei da 2a edição do evento em Brasília, com a mesma finalidade: divulgar o nosso trabalho. Ainda participamos de vários outros encontros científicos dentro do Mato Groso do Sul que também foram igualmente impactantes em nossa formação.

Certamente, esses foram meus maiores desafios e minhas experiências mais marcantes no PET. Fazíamos muitas atividades e nossa sala de trabalho sempre estava aberta para os demais colegas do curso e também da faculdade. Compartilhávamos conversas, aprendizagens e materiais constantemente. Estávamos ali de terça-feira à sexta-feira (segunda-feira era o dia de clube de leitura no lar Ebenezer), das 13h às 19h, marcando presença na FACALE, pois, como dizia nossa tutora Rute, “ O PET existe para servir o curso de Letras”. E assim fazíamos. Participávamos da organização de todos os eventos da faculdade, inclusive da pós-graduação, como a Aula Magna do mestrado. Para mim, desenvolver um estudo científico, ministrar oficinas e minicursos, apresentar trabalhos em eventos, bem como desenvolver um clube de leitura foram, sem dúvida,

enormes desafios, mas também minhas melhores recordações da época da graduação. Eu fui preparada para a vida profissional graças a essas vivências e oportunidades.

Meu ciclo no PET – Letras foi enriquecedor, no entanto chegou um momento em que eu precisava passar por novas experiências. Foi por isso que no final de 2015 decidi deixar o programa para ser estagiária da Delegacia da Receita Federal de Dourados. Eu desejava, naquele momento, desenvolver outras atividades fora do ambiente acadêmico e, também, diante de dificuldades financeiras, precisava de um retorno financeiro maior, pois o valor da bolsa do programa não era mais suficiente. Depois, nos meus últimos passos dentro do curso de Letras, foquei em concluir minha iniciação científica e me preparar para cursar uma pós-graduação. Mesmo me formando em Letras licenciaturas, eu não pretendia ser professora, pois ainda deseja trabalhar com comunicação,

porém não negava a possibilidade de seguir nessa profissão que, devido à graduação, aprendi a valorizar e a admirar muito mais do que antes. No entanto, quando terminei a faculdade, o que eu mais queria era trabalhar e fazer isso na minha área. Diante das poucas oportunidades existentes para uma recém-formada, agarrei a mais importante: ingressei no mestrado.

Logo, menos de um mês após a conclusão da graduação, em maio de 2017, eu já estava cursando Mestrado Acadêmico em Letras pelo Programa de Pós-Graduação em Letras, na Área de concentração: Linguística e Transculturalidade da FACALE – UFGD. Foram 2 anos intensos de muito estudo, pesquisa, leitura e escrita, e só foram possíveis porque fui bolsista CAPES. Consegui a bolsa de estudos por meio de um processo seletivo, o qual envolveu validação das notas do processo seletivo e de análise do currículo. Destaco essa última etapa como a mais importante para que alcançasse essa conquista, pois, em termos de currículo acadêmico, tive uma grande vantagem em relação aos meus concorrentes. Todos aqueles trabalhos desenvolvidos durante o tempo em que estive como bolsista do PET – Letras contribuíram para que eu ficasse com uma nota elevada na análise curricular, principalmente devido às publicações e aos certificados de ministrante; uma

“porta aberta” graças a tudo que fiz dentro do programa.

Diante disso, foi durante esse período que “mergulhei” na teoria da Análise do Discurso, área do saber com a qual tive pouco contato durante a graduação. Participei de alguns eventos acadêmicos na área, divulgando e publicando o trabalho que eu estava produzindo. Assim, desenvolvi uma pesquisa que objetivou investigar o funcionamento do humor no discurso religioso representado na mídia, considerando os enunciados produzidos pelo Pastor Cláudio Duarte. Desse modo, meu estudo buscou compreender como esse método de pregação cômico é construído e quais elementos linguístico-discursivos contribuem para o efeito de humor. Minha dissertação, intitulada Os efeitos de sentido de humor no discurso religioso-midiático do pastor Cláudio Duarte, foi defendida e aprovada no final de abril de 2019, quando recebi o título de Mestra em Letras.

Após o término dessa etapa, agarrei a primeira oportunidade que apareceu. Minha primeira experiência profissional depois da formatura foi trabalhar, durante o ano de 2019, como Assistente de Biblioteca no Centro Social Marista de Dourados – MS, uma instituição que atendia crianças e jovens de 6 a 16 anos da comunidade local, por meio do desenvolvimento de projetos socioeducativos. Minha experiência no projeto Clube de Leitura no Lar Ebenezer desenvolvido pelo PET Letras - UFGD foi decisiva para a conquista dessa vaga, pois, além de ser a responsável pela organização, manutenção e funcionamento do espaço, durante esse período realizei algumas atividades com foco no fomento à leitura literária. Destaco, dentre elas, o Clube de Leitura Juventura, projeto idealizado e executado por mim, com o objetivo de trabalhar a leitura de maneira prazerosa e reflexiva, compreendendo a literatura como uma representação de expressões culturais, considerando as experiências e os saberes dos participantes. Tal proposta resultou em

um relato de experiência apresentado e publicado nos anais do V Colóquio Nacional 15 de outubro e VIII ENLIJE - Encontro Nacional de Literatura Infantil e Juvenil e Ensino, realizado pela Universidade Federal de Campina Grande – UFCG em 2020.

Com o fechamento do Centro Social no final do ano, busquei lecionar. Ainda em 2019, fui aprovada em 1o lugar em um processo seletivo de professor de linguística substituto para a FACALE – UFGD. No entanto, não fui convocada para assumir a vaga. Em seguida, no início de 2020, também fui aprovada na seleção de professores convocados para a rede estadual de ensino do Mato Grosso do Sul. Foi assim que ingressei na docência, lecionando no Ensino Fundamental II em duas escolas de Dourados. No final do mesmo ano, durante o período das aulas remotas devido à pandemia da COVID 19, fui aprovada novamente em 1o lugar em outro processo seletivo de professor de Linguística/Língua Portuguesa substituto para a FACALE – UFGD. Dessa vez, fui convocada e assumi a vaga. Assim, durante 8 meses, fui professora do ensino superior, não deixando totalmente meu vínculo com o Ensino Básico.

O ano de 2021 foi, portanto, um período de muito trabalho e aprendizagem, mesmo diante da situação pandêmica que vivíamos. Mais uma oportunidade de intenso desenvolvimento pessoal e profissional, possibilitada, também, pelas vivências que tive no PET – Letras. Certamente, a pontuação que obtive na prova de títulos (somada à nota obtida na prova didática) foi de grande valia para que eu fosse aprovada na seleção de professor contratado da UFGD, em que concorri com professores mestres e uma doutora. Isso foi possível, pois, em seleções como essa, a produção científica é muito importante, e grande parte da minha foi desenvolvida durante o período em que fui bolsista do PET. Logo, mais uma “porta” foi aberta em consequência do meu trabalho no PET. Assim, experimentei à docência no Ensino Superior, o que despertou ainda mais em mim o desejo de cursar o doutorado e seguir na carreira acadêmica.

Logo depois, ao término do meu contrato com a universidade, voltei totalmente às

atividades no Ensino Básico (com aulas no Ensino Médio também) e tive uma pequena passagem pelo Ensino Técnico, experiências igualmente necessárias para a profissional que sou hoje. A sala de aula é o melhor ambiente de capacitação e aprendizagem para um professor. Assim, como resultado de muito estudo e de muito trabalho, minha conquista profissional mais recente é a aprovação no Concurso Público de Provas e Títulos da Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso do Sul.

Atualmente, exerço, portanto, o cargo de professora efetiva de Língua Portuguesa da rede estadual de ensino. Como docente, tento levar para a sala de aula tudo que aprendi durante esses anos de formação, bem como aquilo desenvolvi trabalhando em projetos, no centro social, no ensino básico e no ensino superior. Isso contribui com meu processo de construção/desconstrução, fazendo de mim alguém que poderia ser, ainda que limitadamente, descrita como a professora Virginia de Língua Portuguesa, que ama linguística, que é encantada com a análise do discurso, que adora literatura, que frequentemente lê, que as vezes escreve e que sempre enxerga na educação a possibilidade de uma vida melhor - é isso que tento ensinar para meus alunos.

Eu olho para a minha história e sinto um grande orgulho de mim mesma. Sou a primeira, e até agora a única, neta dos meus avós paternos e maternos a cursar uma faculdade. Quebrei muitos paradigmas até chegar aqui. Passei por várias frustrações, mas não desisti dos estudos, apenas construí novos sonhos e novas perspectivas quando algo não deu certo. “A menina que sonhou com o curso de Jornalismo, que iniciou o curso de Nutrição, agora é graduada em Letras Licenciatura. Um percurso inesperado que resultou em muito orgulho e amor. Professora. Descobrindo os encantos da Linguística e o fascínio da Análise de Discurso. Feliz”. Foi isso que escrevi na foto da minha formatura da graduação que publiquei em uma rede social. Hoje, acrescentaria que sou uma mulher, uma professora, descobrindo as dificuldades e limitações da docência, mas ainda sonhadora e esperançosa por dias melhores. Acredito que o meu trabalho faz a diferença no mundo e que é por meio dele que posso contribuir com a transformação do mundo. Por agora, foi aqui que cheguei, foi esse o caminho que descobri. E o PET – Letras? Ah, esse programa fez parte disso. Gratidão.

 
 
 

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